9.2.10

REFORMA PROTESTANTE

A historia da humanidade sempre foi marcada por vários, fatos religiosos, políticos e econômico, mas um dos principais no mundo ocidental foi a Reforma Protestante, e sua implicações com o nascente processo econômico no final da Idade Média, ou seja o Capitalismo, para fazer esta analise utilizarei dois clássicos, Max Weber e na sua obra "A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo" e a trabalho "Ideologia Alemã" de Karl Marx.

1. INTRODUÇÃO

A História produzida pelo homem através dos tempos tem como base as realizações dos homens, seres vivos que transformam o mundo, no intuito de satisfazerem suas necessidades básicas, sendo a alimentação a primeira. Esta visão pode ser um tanto materialista, porém depois de satisfeitas as necessidades físicas os homens passam a preocuparem-se em satisfazer as necessidades não materiais. A religião como uma das mais importantes manifestações culturais desenvolvidas pelo homem é uma das necessidades não materiais, pois homem tende a relacionar-se com o desconhecido, o divino, o plano superior procurando as respostas para todas as questões que não podem ser respondidas pela ciência ou pela filosofia.

2. HEGEMONIA CATÓLICA

Após vários anos de hegemonia da Igreja Católica no Ocidente, o poder dos Papas começou a ser contestado pelos próprios seguidores da doutrina católica, este conflito se deu no final da Idade Média, onde a Igreja representava o poder político, econômico e ideológico. Revendo um pouco mais a História Antiga Clássica, verificaremos que com a queda do Império Romano (476 d.C.) a Igreja Católica assumiu o poder sobre o Ocidente, ele era praticamente ilimitado, ele começou quando Constantino (313 - 337); legalizou o culto aos cristãos, o Império que era baseado na sua estrutura militar não resistiu à diminuição das guerras de conquistas e ampliação dos ataques dos chamados bárbaros o que provocou seu conseqüente espólio. A religião Católica também minava o sistema econômico escravista da época, pois pregava libertação dos escravos, por outro lado às invasões bárbaras gerava o problema da divisão do território, agravado pelo aumento populacional ocorrido dentro dos próprios domínios romanos (PILETTI e ARRUDA, 1994, p. 84).

Para entender e problema territorial tenho que explicar que estava havendo uma subdivisão dos latifúndios, o que gerava um custo alto para a manutenção de escravos, mas voltando a questão da religião, com a ruralização[1] da Europa Ocidental; os homens passaram a ter uma relação mais intima com a religião, que passou a controlar a vida e a morte de todos os indivíduos, começando com o batismo e terminando com o sepultamento nas Igrejas.

Sendo a História um processo de incessante alteração, as sociedades se modificam conforme as necessidades econômicas, políticas e religiosa vemos que após anos de dominação religiosa, da sociedade feudal, são vários os motivos que levaram ao deterioração do poder religioso. A expansão comercial ocorrida no final da Idade Média entrou em choque com os preceitos da Igreja Católica; segundo Max Weber em sua obra "Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo", este autor via na religião um dos fatores que colaboraram para o desenvolvimento do capitalismo, mas esclarecendo, outro pensador criticado por Weber; via a religião apenas como uma parte da superestrutura da sociedade, para Karl Marx, a economia era o que determinava a conduta religiosa, segundo usa obra "Ideologia Alemã".

3. DIVISÃO DA IGREJA

Porém a questão religiosa foi importante para o desenvolvimento do capitalismo ou o capitalismo alterou os preceitos religiosos acredito que a segunda opção é a mais acertada; e explico o porquê disto, antes, ou melhor, durante a dominação da Igreja Católica no ocidente e parte do oriente, questões como o lucro, acumulação monetária, ou seja, o acumulo de capital era considerado um pecado.

Com a nova visão ou interpretação da Bíblia Sagrada pelos teólogos alemães; principalmente Martinho Lutero (1483 - 1516) que publicou suas 95 teses (1517), e traduziu a Bíblia para o alemão, propôs também que o contato dos fieis com Deus sem a interferência da Igreja, João Calvino (1509 - 1564) que viveu em Genebra na Suíça, também rompeu com os preceitos Católicos radicalmente e propôs a divisão da Religião do Estado, a Reforma Anglicana iniciada por Henrique VIII (1491 – 1547), através dos Atos de Supremacia (1534) colocaram o Estado como chefe da Igreja, não reconhecendo a autoridade do Papa no território inglês (PILETTI e ARRUDA, 1994, p. 136).

Todos estes fatos deram uma versão diferente, ou seja, menos rigorosa da linha pregada pelo Vaticano, sendo que Lutero e Calvino eram o que os Reis necessitavam, os burgueses queriam e os nobres esperavam, pois foram libertados do jugo dos Papas. Os Estados Nacionais nascentes na Europa da Igreja Católica, que neste momento histórico eram representadas pelas monarquias nacionais que não mais aceitavam o controle da igreja sobre os assuntos públicos também saíram vitoriosos.

Libertaram do pecado os burgueses que tinham como objetivo o lucro e conseqüentemente a acumulação de capital, os nobres puderam apossar-se de vários bens da igreja possibilitando assim uma nova estruturação em varias regiões da Europa e uma nova ordem política e econômica pode florescer, para a grandeza dos Estados Nacionais Europeus.



4. CONSIDERAÇÕES FINAIS



Não houve só uma causa para o nascimento deste processo de desvalorização dos conceitos feudais e do poder da igreja, a conseqüente perda de controle da situação, pelo Vaticano foi marcada por vários fatos como: as Cruzadas, a invenção da imprensa por João Gutenberg (1390 – 1468), Alemanha, e principalmente a corrupção de grande parte da Igreja, através da venda de indulgências, a promiscuidade de grande parte de seus membros, o luxo e as varias guerras promovidas pelos Papas por motivos puramente mesquinhos, como ampliação do poder Papal, motivos políticos, ou perseguição religiosa. O caminho para uma nova ordem começava a partir de que as velhas estruturas que sustentavam o regime eram corroídas pelos próprios membros da Igreja.

Parece contraditório, mas a questão econômica foi à razão da reforma protestante, sendo que os seus precursores usando de seus poderes, religiosos, políticos, propuseram inconscientemente uma alteração na estrutura jurídica, para justificar o novo sistema econômico que nascia o Capitalismo.

Este sistema que se utilizou todos meios para se manter até os dias atuais parece que se transforma com a sociedade, e a mantém refém da economia de mercado, onde o ter é a palavra de ordem, já o ser é fruto de mentes desocupadas e fora da realidade do mundo capitalista.



REFERÊNCIAS

ARRUDA, José Jobson de A e PILETTI, Nelson. Toda a história: história geral e história do Brasil. São Paulo, Ática, 11.ed.2002.

MARX, Karl e ENGELS, Friedrich. A ideologia alemã. São Paulo, Hucitec, 1986.

pt.wikipedia.org

SOUZA NETO, Silvestre Prado de. Técnica de Pesquisa, Rio de Janeiro: UCB/EB-DEP-CEP, 2009.

SWEEZY, Paul [et al.]. A transição do feudalismo para o capitalismo.Rio de Janeiro, Paz e Terra, 4.ed. 1989.

WEBER, Max. A ética protestante e o espírito do capitalismo: texto integral.São Paulo, Martin Claret, 2001.


[1] Transferência de elementos culturais característicos de sociedades rurais, para o meio urbano.

Fonte: http://www.webartigos.com/articles/32181/1/REFORMA-PROTESTANTE/pagina1.html.