27.11.10

Querela das Investiduras

A Querela das Investiduras: disputas entre o poder monárquico e clerical.

Durante a Idade Média, costumamos definir a existência de uma comunhão de interesses entre a classe clerical e nobiliárquica. No entanto, no interior do Sacro-Império Germânico observamos uma relação conflituosa entre os nobres que tinham influência política nesse território e a autoridade papal. Entre os séculos X e XII, o desentendimento entre essas duas classes tomou proporções cada vez maiores.

O poder de intervenção dos nobres na hierarquia eclesiástica começou a sofrer forte oposição quando clérigos da abadia de Cluny, região da França, defenderam um processo de reformas que desse maior autonomia à Igreja. A prática de subordinação dos clérigos aos reis, também conhecida como cesaropapaismo, começou a sofrer intensa oposição pelos clérigos integrantes da ordem de Cluny.

No ano de 1058, o papa Nicolau II criou o Colégio dos Cardeais, que tinha como função primordial eleger o papa. No ano de 1073, o Colégio dos Cardeais elegeu Gregório VII, integrante da Ordem de Cluny, para comandar a Igreja Católica. Entre outras ações, Gregório VII reafirmou o voto de castidade e proibiu que qualquer autoridade monárquica concedesse alguma espécie de cargo religioso.

Em resposta, Henrique IV, rei do Sacro-Império, reuniu os bispos subjugados ao seu poder político para anular o poder de Gregório VII. O papa, tomando conhecimento dos planos do rei germânico, ordenou a sua excomunhão e livrou os bispos germânicos do poderio de Henrique IV. Implorando o perdão do papa, Henrique permaneceu três dias e três noites rezando na neve. Obtendo o perdão papal, o nobre germânico organizou tropas militares incumbidas de derrubar o papa.

Acuado, Gregório VII se exilou na França. Depois de diversos conflitos entre as tropas papais e germânicas, um trégua foi assinada por meio da Concordata de Worms. Por meio desse acordo, os limites do poder eclesiástico e real tiveram seus limites estabelecidos. A partir de então, somente o papa teria o direito de conceder qualquer espécie de cargo religioso.

Por Rainer Sousa

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