22.2.12

Semana de Arte Moderna


Nem São Paulo nem as artes brasileiras voltarão a ser as mesmas depois daquelas três noites de fevereiro de 1922. Do palco do Teatro Municipal, sob vaias e insultos, um grupo de artistas e intelectuais lançou o que se poderia chamar de manifesto do Modernismo: A Semana de Arte Moderna, que pretendia colocar a cultura brasileira a par das correntes de Vanguarda do pensamento europeu, ao mesmo tempo que pregava a tomada da consciência da realidade brasileira.

Momento Histórico

Após os governos militares do início da república, os senhores rurais retornaram ao poder fortalecidos então pela vigorosa política do 'café com leite', que permaneceu até 1930.

As cidades brasileiras cresciam, em particular a cidade de São Paulo, conheceram uma rápida transformação em decorrência do processo industrial. A responsável por isso foi a primeira guerra. Aumentava o número de imigrantes europeus que se dirigiram para as zonas economicamente prósperas

Nos centros urbanos existia uma larga faixa da população pressionada, por cima, pelos 'barões do café' e pela alta burguesia, e por baixo, pelo operariado: era a pequena burguesia, de caráter reivindicatório, formada, entre outros, por funcionários públicos, comerciantes, militares e profissionais liberais.

São Paulo era espiritualmente muito mais moderna, fruto da economia cafeeira, e do industrialismo, estando em contato mais espiritual e técnico com a atualidade do mundo, inclusive nas artes.



Antecedentes e Organizadores

Nós criamos na nossa peça um possível diálogo entre Oswald e Mário de Andrade, organizadores do evento, com Graça Aranha, a quem convidam a participar por ser um renomado escritor e poder dar prestígio ao evento.

Graça Aranha: - Caros senhores, posso saber do que se trata a reunião?

Oswald: - Nosso amigo Di Cavalcanti teve a esplêndida idéia de realizar um grande festival para mostrar o que há de mais moderno na nossa arte.

Mário:- Isso, veja só, apesar de já possuímos belos trabalhos como O Pirralho do Oswald, as exposições de Anita Malfatti, a revista Orpheu com Ronald Carvalho, as caricaturas de Di Cavalcanti, nós ainda não conseguimos acabar com a soberania do Parnasianismo.

Oswald: - É preciso criar algo de novo, que choque, que mostre a nossa real arte, a arte moderna, a arte do Brasil... e precisamos contar com o apoio de escritores como você, com prestígio, para atrair uma grande quantidade de pessoas.

Graça: - Muito interessante, ainda mais que vem a defender propostas tão nobres. Aceito sim.

Mário: - Mas nós iremos precisar de patrocínio para poder divulgar o evento, alugar um local, de preferência no Theatro Municipal.

Oswald:- Isso não é problema, já entrei em contato com alguns fazendeiros.

Repercussão na Imprensa

Veja o que os jornais diziam sobre o evento, nesse fragmento retirado de um dos mais conceituados da época:

'Ao público chocado diante da nova música tocada na Semana, como diante dos quadros expostos e dos poemas sem rima... Sons sucessivos, sem nexo, estão fora da arte musical: são ruídos, são estrondos... são disparates como tantos e tão cabeludos que nesta semana conseguiram desopilar os nervos do público paulista, que raramente ri a bandeira despregada.'


Resultados

Apesar das vaias e da dura crítica da imprensa nossas artes jamais foram as mesmas. Logo em seguida é lançada a revista Klaxon, porta-voz das idéias modernistas, herdeiros da Semana de 1922.
Fonte:http://www.grupoescolar.com/