23.5.13

OS PORTUGUESES E AS TÉCNICAS DE NAVEGAÇÃO




A epopéia das viagens de Descobrimento realizadas pelos portugueses se deveu graças às técnicas de navegação por eles utilizadas. A localização privilegiada, o extenso litoral e a necessidade de estabelecer novas rotas comerciais com o oriente, impulsionaram o interesse português pela navegação. A Escola fundada por D. Henrique, o Navegador, em Sagres, Portugal em 1433, é um importante fato comprovador do pioneirismo português.








No final do século XV, poucos homens possuíam uma visão globalizada do mundo, tendo noções básicas das diversas ciências da época. Isto deveu-se, principalmente, à Idade Média, onde a Igreja monopolizava o poder da informação. Havia muitos estrangeiros em Portugal nesta época, o que possibilitou a reunião, na Escola de Sagres, de diferentes conhecimentos científicos, facilitando assim, o estudo e aperfeiçoamento das técnicas de navegação.




Quando um piloto pretendia levar um navio de um lugar para outro, o problema principal que tinha que resolver era o de conhecer a direção ou rumo que tinha que seguir e saber determinar, num dado instante, a posição do navio. Se o piloto determinava a posição do navio buscando em terra, não no mar, os sinais para a sua orientação, dizia-se que fazia navegação costeira. Se determinava a posição do navio em relação a outra posição anterior já conhecida, usando processos simples com mapas, sem usar de observações astronômicas, fazia navegação estimada. Finalmente, quando usava da observação dos astros e por meio deles calculava a posição do navio, fazia navegação astronômica.














A navegação pelas costas foi o modo de navegar mais usado durante a Idade Média, na Europa, nas relações entre os diferentes portos do Mediterrâneo e do litoral atlântico. Neste tipo de navegação, os navios raramente se afastavam da costa e a orientação era feita a partir da observação de pontos de referência em terra. Com isto, as distâncias percorridas em cada trajeto eram relativamente pequenas e faziam constantes paradas em terra. Este tipo de navegação durou bastante tempo no mundo mediterrânico, sendo ainda utilizada nas primeiras viagens dos portugueses pelo litoral africano.


A maioria dos pilotos do início da Idade Moderna praticava mesmo a navegação estimada, isto é, traçava no mapa uma rota inicial e nela ia marcando correções, à medida que a viagem prosseguia.

As correções eram feitas conforme a observação das correntes, marés, temperaturas, ventos, fases da lua, posição dos astros, presença de determinados animais e vegetações marinhas, e de uma boa dose de especulação. A navegação estimada era também ajudada por medições diárias da velocidade da embarcação. A partir do cálculo da velocidade, o piloto podia deduzir qual a distância percorrida diariamente e, assim ter uma idéia do seu deslocamento naquele dia.










Com o avanço das viagens atlânticas e a necessidade de um outro método de orientação para percursos de vários dias e semanas em pleno oceano desenvolveu-se a navegação astronômica, baseada na observação dos astros.

Durante o dia guiavam-se pelo sol e para observá-lo os navegadores modernos traçavam duas linhas imaginárias: a primeira ia do marinheiro até o sol, e a segunda, do marinheiro até o horizonte. A medida do ângulo entre essas duas linhas fornecia a latitude. O grande problema era conseguir medir o ângulo com precisão. Muito esforço foi dedicado para inventar e aperfeiçoar instrumentos que facilitassem essas medições.


Alguns instrumentos náuticos, conhecidos desde a Antigüidade, legados pelos árabes à Europa, foram então aperfeiçoados pelos navegadores portugueses, como é o caso da bússola, do astrolábio, da balestilha, daampulheta e do quadrante. À noite, os navegadores usavam a Estrela Polar como a mais importante referência celeste para orientação. Apesar de pálida e de poder ser vista só do Hemisfério Norte, ela tinha a vantagem de localizar-se exatamente acima do pólo norte.










Sem saber a razão, os navegadores aprenderam que, quando a Estrela Polar estava no horizonte, eles estavam no Equador; quando ela aparecia a 39 graus, eles se encontravam a uma latitude de 39 graus; quando aparecia a 23 graus, eles estavam a uma latitude de 23 graus, e assim por diante.

As chamadas "grandes navegações" prolongaram-se por mais de cem anos, desde a conquista de Ceuta, em 1415. Elas envolveram um enorme número de viagens que, aos poucos, foram conquistando espaços novos para os portugueses e espanhóis. Enfrentar os oceanos foi tarefa que exigiu muitos conhecimentos. Dependeu de progressos anteriores na construção náutica, na cartografia, na astronomia, na matemática, nos primeiros instrumentos náuticos. Dependeu da formação de uma mentalidade moderna, voltada para o conhecimento, a experiência e a valorização da técnica e da ciência, em busca de novos horizontes econômicos e culturais.






A CARAVELA VISTA POR DENTRO



Fonte: http://www.museutec.org.br/previewmuseologico/tecnicasdenavegacao.htm