13.3.15

Batalha do Jenipapo, Piauí

Maria Ja Barbosa
Armas e utensílios que eram e foram usados na Batalha do Jenipapo

Cemitério onde estão os corpos dos combatentes da Batalha do Jenipapo


A Batalha do Jenipapo aconteceu às margens do riacho Jenipapo, onde hoje fica o município de Campo Maior, Piauí, envolvendo confronto entre partidários da independência do país e da resistência portuguesa.

Vaqueiros e roceiros armados com espingardas, facões, machados, foices, espetos e até paus e pedras enfrentaram soldados bem armados e organizados, estes liderados pelo major João José da Cunha Fidié - veterano de guerras napoleônicas -, que queria manter a região sob o domínio dos portugueses e sufocar os movimentos pela independência do Brasil.

13 de Março - A Batalha de Jenipapo

Às margens do rio Jenipapo, no atual município de Campo Maior, foram palco de uma sangrenta batalha envolvendo os partidários da independência brasileira e a resistência portuguesa que procurava evitá-la. Era 13 de março de 1823. Este confronto pode ser visto como um dos momentos cruciais da adesão da província piauiense ao processo emancipatório brasileiro.

Apesar da independência tem sido oficialmente proclamada a 7 de setembro de 1822, pelo príncipe regente São Paulo, as outras regiões da América portuguesa não havia aderido. Aquele gesto simbolizava apenas a adesão da região Centro-Sul. O processo de independência nas outras áreas implicou em se cruentas batalhas, especialmente no norte, incluindo o nordeste atual. Essa área era alvo de pretensão portuguesa de perpetuar domínios na América.

Neste sentido, a província piauiense assumia uma importância fundamental para o governo português em virtude da sua posição territorial, encravada entre as províncias ocidentais e orientais do norte da América portuguesa. Por conta disto e, sobretudo, devido à expansão dos ideais emancipacionistas, desde 1821 eram enviadas, pelo governo português, quantidades significativas de armamentos e munições bem como havia a nomeação de militares experientes para cuidar desta região. Para essa província fora nomeado João José da Cunha Fidié como governador das armas. Ele era experiente militar, veterano nas guerras napoleônicas.

No Piauí, a primeira vila a se manifestar favoravelmente ao governo de D. Pedro I, instalado no Rio de Janeiro, foi São José da Parnaíba, através da Câmara local. Era 19 de outubro de 1822. Essa iniciativa fez com que as tropas favoráveis a Portugal se deslocassem de Oeiras para Parnaíba, lideradas pelo próprio governador das Armas, o Major Fidié.

Antes de chegarem à vila do extremo norte, as tropas lusófilas estacionaram em Campo Maior, na qual procuraram apurar denúncias acerca dos preparatórios de adesão às tendências emancipacionistas. Neste ínterim, as lideranças parnaibanas se deslocaram para o Ceará. Assim quando as tropas de Fidié chegaram a Parnaíba não encontraram resistências.

Enquanto as tropas portuguesas estavam em Parnaíba, outros povoados e vilas aderiram ao processo emancipatório, dentre eles Piracuruca, Matões e Oeiras, em janeiro de 1823. Nesta última ocorrera a deposição da Junta Governativa pró-Portugal. Além disso, alguns contingentes cearenses chegaram ao Piauí. Neste contexto, deu-se a proclamação da independência em Campo Maior, em fevereiro de 1823.

No início de março de 1823 as tropas de Fidié saíram de Parnaíba para tentar submeter as demais vilas que estavam aderindo ao processo de independência. Seguiram-se alguns breves incidentes no trajeto, porém, o maior combate se deu às margens do rio Jenipapo.

A expectativa do avanço das tropas portuguesas rumo à Campo Maior implicou numa mobilização sem precedentes da população local para formação de tropas para o combate, agregando-se grupos de vaqueiros e roceiros armados com os instrumentos disponíveis, como: facões, machados, foices, espetos, espingardas, paus e pedras. Enquanto as tropas inimigas eram bem armadas, municiadas, disciplinadas e organizadas sob o comando de experientes militares.

O grande confronto se deu no dia 3 de março de 1823, nas proximidades do rio Jenipapo. Cerca de 2500 piauienses e cearenses, sem adestramento militar, e debaixo de um sol abrasador num ano de estiagem arrasadora, enfrentaram as tropas portuguesas. Após 5 horas de intenso combate, as tropas locais contavam entre suas perdas 700 homens, entre mortos, feridos e prisioneiros de guerra. Do lado português, as perdas não chegaram a uma centena, porém haviam perdido boa parte da bagagem de guerra; o separatistas desviaram importantes equipamentos de guerra das tropas portuguesas.

Entretanto, a vitória lusitana era incontestável, ganharam uma batalha, mas a guerra estava longe de terminar, pois a ausência de recursos bélicos e a possibilidade de enfrentamento de outras batalhas, com a chegada de reforços de outras vilas e províncias, fez com que Fidié e suas tropas se deslocassem, em abril de 1823, para o Maranhão, província leal a Portugal. Porém, após o cerco de Caxias, pelas tropas separatistas, formadas por piauienses, cearenses e maranhenses, as tropas de Fidié se renderam, no final de julho de 1824.

Portanto, foi neste contexto que se deu o real processo emancipacionista e a adesão do Piauí ao governo do império do Brasil, caracterizado por diversas lutas sanguinárias, com a participação popular, porém, a maioria da população não se beneficiou de seus resultados, pois uma oligarquia assumiu o projeto de consolidação do estado brasileiro em detrimento das transformações mais profundas dessa sociedade.

Fonte: Cultura do Piauí

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